domingo, 11 de maio de 2014

Manas

Irmão, ninguém aqui tá te pedindo permissão pra nada não
A gente vai passando
Umas desfilando, outras marchando e outras rebolando
Se não gostar segue pra outra esquina
Porque aqui quem manda são as meninas
Aqui não tem ficha de presença
Não precisamos explicar nossas referências
Você quer saber qual foi minha leitura?
Para com esse papo de academicista, cabeça dura
Reivindicar é direito da mulherada
Militância não é só pra mina letrada
Não fique aí esbravejando
Gritando: Não sou machista!
Pra falar do teu machismo
Posso até fazer uma lista
Você diz ser companheiro
Do meu lado diz estar
Mas na hora da quebrada
Quer me ensinar a militar
Não me olha com essa cara
Com essa pose de machão
Se quiser vir pro meu lado
Seja um machista em desconstrução
Mesmo assim eu vou ficar de pé atrás com você
Mas já vai contar muito se você quiser aprender
Vou seguindo e vou cantando
Escrevendo pras irmãs
Gastar energia emponderando
Sororizando


Bruna de Paula Pereira

Sobre Lupita, mulher negra e representatividade

Eu sou mulher
Eu sou negra
Negra nos traços, no cabelo

E não quero que branco nenhum fale da minha condição
Eu não quero que branco nenhum fale por mim
Não fala das minhas irmãs
Não me diga que o racismo é culpa minha por que eu falo dele
Você não tem o direito
Desconstrua seu racismo
Falar sobre ele, deixa com a gente
Para com esse papo de igualdade
Você não tem que me respeitar porque me acha igual
Eu sou diferente
Aceita
Respeita
Eu tô cansada de vocês querendo me silenciar
Só que vocês se fodem porque eu descobri que tenho voz
Se fodem porque eu reconheço opressão disfarçada de apoio
Seu lugar na minha luta é aprendendo comigo
Não sobe meu palanque, desce daí




Bruna de Paula Pereira