sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Crespxs do mundo, uni-vos

Participo desde outubro de 2012 dos grupos de cacheadas no facebook, vejo que diariamente o crescimento de meninas que resolvem se libertar das químicas e recorrem a esses grupos como forma de buscar apoio, inspiração entre as iguais. Nesses grupos, vemos muitas meninas conscientes politicamente e que transformam esse ato de assumir o cabelo em uma forma de fazer movimento, mas nos grupos também existem as meninas que defendem o discurso que "o racismo é coisa da sua cabeça", dizem que as companheiras "vêem racismo em tudo", "tudo hoje em dia é racismo". Pensando nessas coisas que cansamos de ler no dia a dia dos grupos, eu acabei escrevendo essa reflexão e compartilhando no grupo.

SER NEGRA, CRESPA, CACHEADA E DECIDIR SE ASSUMIR, É UM ATO POLÍTICO. SE POSICIONEM CONTRA O PRECONCEITO! ELE É REAL, ELE NÃO É UM CONTO DE FADAS!
O preconceito, o racismo não é imaginário, ele não é feitiço "só pega em quem acredita", ele atinge a todos, quem acredita e quem não acredita.

O racismo é uma estrutura, não é apenas um ato. Os atos de racismo são apenas maneiras de manutenção dessa relação de poder. 
O racismo está em dados estatísticos, está nas celas de prisão, no número de jovens negros mortos, no número de crianças negras que se desenham brancas, na ausência dxs negrxs na mídia.
Um ato de racismo não é determinado apenas pela sua forma gritante, quando alguém te chama pejorativamente de negrinha ou de macaca, quando alguém diz que preto fede, quando alguém diz que seu cabelo é ruim. O racismo está presente nas formas sutis de discriminação, nas piadas de mal gosto, no oprimido que ao propagar e rir dessas piadas apoiam o opressor. 




O racismo tá em mim, tá em você, fomos criados em uma sociedade racista e que nos fez acreditar no mito da democracia racial, nos fizeram acreditar que todos somos tratados como iguais. O racismo não é coisa da minha cabeça, eu já o senti na pele, fingir que eu estava vendo coisa onde não tinha, só permitiu que ele se propagasse. No momento em que eu me calo, eu apoio a opressão. 
Eu escolhi me posicionar, não vou mais me calar diante das opressões aos cidadãos que são minorias em direitos sociais. Se você me acha louca, vá ler as estatísticas, se informe, estude e lute, por que o fato de não ter acontecido com você, não significa que outros não sofram com isso. Estejam atentas as formas sutis que o racismo se apresenta para você e você não reconhece.

Meu nome é Bruna de Paula Pereira, sou negra, professora, futura pedagoga, feminista e luto pela igualdade social, uma igualdade que promova direitos iguais a partir da compreensão das diferenças. Feliz 2014!

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