quinta-feira, 25 de julho de 2013

Dia 25/07: Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha





Eu nasci negra, eu sei que isso é um pouco óbvio. Também nasci mulher, creio que vocês também saibam disso.
O que vocês não sabem é que antes eu vivia todas as implicações de ser mulher e negra na sociedade, mas não tinha compreensão real do que isso significava. 
Um dia eu descobri que pelo fato de eu ser mulher, a sociedade se achava no direito de escolher por mim, escolher como eu devo me vestir, com quem eu devo andar, como devo me comportar, quando devo me casar...
Descobri que sendo mulher e negra, eu teria mais dificuldades para arrumar emprego, que teria uma vida inteira de preocupação com os homens negros e honestos da minha família, viver a cada dia o medo de perdê-los porque a sociedade acha que eles são um risco apenas pela cor que eles tem, que existem pessoas que acham que minhas demandas são pedidos de privilégios e não de direitos que me foram anulados desde o dia em que eu nasci.
Descobri que se eu for bonita, eu vou ser sempre tratada como exceção, com comentários do tipo: Nossa, você é uma negra muito bonita.
Descobri também que o meu cabelo assumidamente crespo pra alguns vai me colocar na posição de exótica, étnica ou pessoa que está querendo aderir a uma moda. Descobri que se você fizer parte de algum grupo que é minoria em direitos sociais, você vai precisar estudar e ler muito pra responder pra algumas pessoas porque sua luta é uma luta contínua.
Pra algumas pessoas, a luta da mulher é sem sentido: "Vocês já trabalham fora e votam, querem mais o que?"
Pra outros a luta do negro não faz sentido também, segundo eles, a abolição nos colocou em pé de igualdade com o homem branco.
A luta da mulher negra não deve ser invisibilizada, nós ainda temos muito o que transformar.

A vida é um processo contínuo de militância, nunca se deve parar, nunca...

Por: Bruna de Paula


"Não fomos vencidas pela anulação social, sobrevivemos à ausência na novela e no comercial ,
O sistema pode até me transformar em empregada, mas não pode me fazer raciocinar como criada;
Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo, as negras duelam para vencer o machismo, o preconceito e o racismo;
Lutam para reverter o processo de aniquilação que encarceram afro-descendentes em cubículos na prisão;
Não existe a Lei Maria da Penha que nos proteja da violência de nos submeter aos cargos de limpeza; " Yzálu


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Celebração de raiz

Canto hoje a beleza
A beleza que foi seqüestrada
A beleza que foi trazida
A beleza que lutou
Que resistiu
A beleza que construiu
Canto hoje a beleza que eu não conhecia
Das raízes que eu escondia
Da identidade que eu não compreendia
Canto hoje essa beleza
Canto alto
Canto com orgulho e reconheço
Canto a beleza de quem sofreu
Canto a beleza de quem chorou
Canto a beleza de quem sonhou
Canto a beleza de quem conquistou
Canto alto essa raiz
Canto alto essa memória
Canto alto minha história
Pra que vejam o que sou
Bato forte o pé no chão
Rodo e canto com amor
A beleza da história
É essência do que sou.





Bruna de Paula Pereira