segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Antes de navegar, não se esqueça do bom senso

Em tempos de novas mídias sociais, as ideias ganham muito mais fluidez a cada dia. Não existem, definitivamente, barreiras para colocar a boca no megafone virtual e dizer ao mundo o que se pensa. Porém, ao passo que esta é uma atividade aparentemente prática e sem muitas pretensões, esconde-se nela um perigo enorme e passivo de qualquer ser humano: o de falar demais.

O meio virtual proporciona a todos um poder. O ciberespaço  nos permite adquirir inúmeras personas, e, com elas, podemos divulgar nossos pensamentos sem sofrer muitos danos; inicialmente. Uma das principais vantagens de estar conectado a uma rede social é o de não se expor. Assim, algumas verdades que poderiam ser ditas in loco são transferidas para uma mensagem no Facebook, ou um tweet. Desta maneira, a "democratização" do pensamento, teoricamente oferecida pela grande rede, passa a ser uma avalanche de abobrinhas e criação de pseudoconhecimento - aquele que todos nós sabemos que é inútil.

A formação de intelectuais precoces da Internet é um grande problema. Por exemplo, quando alguém que não possui conhecimento sobre determinado assunto resolve pesquisar sobre, procura a primeira fonte que lhe vem à cabeça. E esta fonte, geralmente, é a Wikipédia. Lêem-se os textos de uma forma superficial, a fim de apenas saciar a vontade do internauta de "estar por dentro". Neste momento, criam-se os que se acham cultos por terem identificado um termo diferente dos demais, ou que "atrai conhecimento" por si só.

Há algumas semanas, logo na reestreia do reality showBig Brother na Rede Globo, surgiram temas, em sua maioria, desconhecidos para a grande população nas rees sociais, como a tag "George Orwell" no Twitter. Orwell foi um escritor inglês nascido em 1903. Uma de suas maiores obras, o livro "1984", que também virou filme, introduziu o tema "Big Brother" (Grande Irmão, em inglês), alusionando uma forma de poder e dominação invisível. O termo foi reaproveitado anos mais tarde pelos produtores originais do programa, pois a temática do mesmo encaixava-se exatamente como o livro de Orwell descrevera uma sociedade disciplinar. Todas estas informações passaram às mãos de milhares de pessoas do Twitter, e pessoas que não faziam ideia do que vinha a se tratar a tag "Orwell" no microblog passaram a acreditarem-se mais "cultas" e a idolatrar um Trending Topics (assuntos mais falados no Twitter) tão culto como aquele.

A disseminação da informação é necessária, e saudável. Porém, nas mãos de quem não sabe lidar com ela, acaba, acidentalmente, formando pessoas que se acham no direito de criticar todo e qualquer tipo de manifestação. O conhecimento seduz; é preciso saber dominá-lo antes.

Com tantas informações no meio virtual, perder-se torna-se uma rotina inconveniente, porém real. É preciso apartar o joio do trigo, e não deixar-se influenciar negativamente. Senso crítico e sobriedade são extremamente necessários em tempos onde todos nós estamos conectados aos pensamentos alheios.

Créditos: William Silveira @williamatwar
texto extraído de: http://ocotidianosa.blogspot.com/

Um comentário:

  1. muito bom o texto, isso é um fato que vejo no ensino publico do nosso país também, garotada que acha que já sabe de tudo, podem opinar sobre tudo e pensam que possuem informações de tudo só porque está conectado à rede virtual

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